Caminho dos condenados...

É solitário que sobrevivo as noites eternas e sigo meu caminho escolhendo os perigos menores; não há como escapar do perigo porque somos monstros e todo tipo de gente está atrás de nós, e como se isso não bastasse, os de minha espécie ainda se envolvem com os joguinhos da Jyhad ou com a Dança Macabra da não-vida...

O que me é reservado para esta noite?? Não sei... mas sigo em frente, sempre atento.

sábado, 25 de agosto de 2007

Prelúdio de And Becker

And Becker, detetive da divisão de narcóticos de New York; fui designado para uma missão internacional: Tinha que descobrir o esconderijo de um chefão do tráfico na França. Durante as investigações ficava cada vez mais intrigado com o que encontrava.

Certa vez encontrei um cadáver sem uma gota de sangue, estava num beco onde haveria um encontro que não aconteceu, a autópsia constou ataque cardíaco, mesmo assim estranhei quando o pessoal do necrotério disse que não havia sangue algum no cadáver, mas como eles já tinham visto de tudo colocaram uma observação dizendo que o "paciente" sofria de anemia aguda.

Voltando ao caso, a missão era em Lyon, uma cidade linda da França, a única má recordação de lá foi a burocracia terrível que enfrentei no aeroporto; o porte de arma, policia internacional, e ainda por cima o meu passaporte havia um maldito erro de digitação (m ao invés de n) e o cara do aeroporto cismou que eu não era a pessoa da foto... miserável. Enfim, após alguns telefonemas e outros fax fui liberado e segui ao hotel...
...chegando lá peguei as pistas que haviam me entregue (uma carta interceptada por policiais durante um confronto com a organização) e estava examinando alguns endereços numa lista (pêga no apartamento de um dos representantes em Nova York, momentos antes de explodir), a lista continha nomes estranhos e tinha números de telefones com os últimos algarismos bem rasurados, mas o prefixo de muitos indicavam ser telefones franceses, e entre um nome e um fone as vezes havia frases que pareciam endereços, hoje sei que são endereços de Lyon. Na lista haviam nomes como Rick Giovanni, Malk Avianos, Orphen Laconis, Marcu de Seth; alguns sobrenomes tinham símbolos na frente. A carta estava em francês, com algumas frases em inglês, e parecia usar codinomes como Lasombra e Camarilla, e ainda muitas frases estavam incompletas, ou no mínimo sem sentido, mais tarde descobri que a carta era feita em duas partes e unindo as partes pude ler o que estava escrito:

Carta

Sabendo a data, horários e locais de onde tudo ocorreria, entrei em contato com a policia de New York, que se preparou para a emboscada aos traficantes; e eu fui aos arredores do banco central, cheguei ao local as 17:30, estava a três quadras da lixeira, de onde pude ver o movimento pacato daquela rua por exaustivas 7 horas; com o cair da noite estava a me preocupar, afinal já passava de meia noite, mas isso só me fazia pensar o quanto isso era propício à ocasião. Já eram 00:37h.

Foi quando algo inesperado aconteceu, eu com toda atenção que prestava à lixeira, num piscar de olhos vi a maleta lá, pareceu mágica; num segundo estava vazio e no seguinte a maleta... Por instantes pensei em cair na tentação de verificar de perto a maleta, mas não o fiz. Fiquei ali, mais atencioso que antes (se é que era possível) e vi algo realmente espantoso: vi a maleta sendo pega por "nada", flutuou e sumiu, como que guardada em um manto, desta vez pude ver passos numa poça d'água que havia ali, então fui em direção àqueles passos que deixavam seu rastro tão claro; a esta altura já me considerava um louco... Foi quando tomei o susto: Uma voz sussurrou ao meu ouvido.

- Se continuar seguindo irá morrer.

Virei-me de súbito e não vi nada. Quando dei mais um passo em direção a poça a mesma voz preveniu:

- Mais um passo e vai entrar na mira dos atiradores.

E eu parei!

Fiquei ali por 5 longos segundos, nos quais olhei tudo que havia ao meu redor... E o que vi??? Vi dois atiradores profissionais espreitando a 20 metros, um a esquerda e outro a direita; as pegadas sendo deixadas no chão e a maleta que hora ou outra aparecia na escuridão. Eu sempre ouço meus instintos, então me virei, procurei por aquela voz mais uma vez, e quando o fiz, a vi tomar forma e corpo diante dos meus olhos. Era um homem pálido, baixo, não parecia muito velho. E ele falou:

- Venha - E correu em direção oposta à poça e à maleta...

E eu o segui... por um caminho estreito e fechado, corri bastante até chegarmos num beco.
Quando o alcancei no beco paramos.. e pude perguntar:

- Quem é você?

Então ele olhou pra mim e disse:

- Sinto muito - Já desferindo um golpe em meu pescoço.

Eu caí. E esta é a última lembrança da minha vida mortal...

Acordei instantes depois com o toque de uma bebida em meus lábios; era quente e fervorosa, e eu precisava de mais. Quando dei por mim, estava eu, bebendo o sangue daquele "homem" que rasgara o pulso. Não me perguntei por que ele tinha feito isso; eu só queria mais.. precisava de mais, me levantei e bebia o sangue direto de seu pulso. Abruptamente ele me empurrou e disse:

- Chega! - E lambeu o pulso, que se fechou na hora.

Eu com o empurrão caí, estava fraco e ao cair veio a dor; senti dores fortes como mil socos no estômago e meu peito sendo esmagado; pude sentir meus órgãos internos se repuxando e me rebati no chão como quem tem um ataque epilético, a dor intensa e forte estava me consumindo a alma, nunca quis tanto a morte em toda minha vida. Depois daqueles minutos de inferno em vida; me recuperei, estava pálido e cansado; algo em mim havia mudado. O homem diante da cena ficou parado, vendo tudo acontecer, hora ou outra olhava em volta, tendo certeza de que não havia ninguém por perto. Quando me recuperei sentei, e ele se apresentou:

- Meu nome é Gehard, eu sou um vampiro e agora você também é.

Então eu estava ali, jogado ao chão; sentindo algo novo, uma terrível sensação que me dominava, uma fome incontrolável me tomava. Eu precisava de mais sangue. Olhava para Gehard como uma presa que acabaria com minha angústia, mas ele notou como eu o olhava e disse:

- Calma. Tome isso. - Ele pegou de dentro do casaco uma garrafa de vidro e cortou o bocal com garras que saiam de seus dedos e me entregou a bebida. - Isso deve acalmar seus desejos... Eu sei que não é como o sangue que acabou de ingerir, mas logo você caçará seu próprio alimento.

Peguei a garrafa e senti o cheiro do sangue que ali estava, tomei grandes goles e logo tinha terminado, Gehard estava certo, o prazer não era o mesmo, o sangue frio e engarrafado saciou minha fome mas não o desejo. Depois disso eu me levantei.

- Venha - disse Gehard num tom calmo e tranqüilo, caminhando para a saída daquele beco...

Eu estava confuso e desorientado,  sem saber o que pensar,  o que fazer...

- Precisamos conversar.  -  ele continuou, caminhando de cabeça baixa, na certeza que seria seguido...

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